quinta-feira, 30 de outubro de 2008

[LEIA] Assentamento vem dando lucros

As famílias assentadas no Território da Cidadania do Mato Grande, no Rio Grande do Norte, integrantes do projeto do Pólo-Tilápia, ampliaram a área de comercialização e iniciaram a venda do pescado para duas grandes redes de supermercado instaladas em Natal. Elas formaram a Cooperativa de Produção da Agricultura Familiar de Canudos (Coopac) e compõem o primeiro grupo de assentados do estado que vende tilápia para redes varejistas no RN.

Cooperativismo e sustentabilidade são objetivos que reúnem essas famílias moradoras de quatro assentamentos do Território da Cidadania do Mato Grande, área que abrange 15 municípios localizados entre a Caatinga e o litoral do Rio Grande do Norte. A criação e comercialização de tilápias tem destaque entre as produções dos assentamentos Rosário, Aracati, Modelo I e II. Nessas localidades, foram montados 54 viveiros que produzem, mensalmente, seis toneladas de tilápias de ótima qualidade, como conta a moradora do assentamento Rosário e presidente da (Coopac), Livânia Frizon. "Nossa produção cresceu muito nos últimos meses, além de trabalharmos com as culturas da agricultura familiar, incluindo frutas e hortaliças, e vendermos produtos para várias feiras no estado, nossa maior produção é com o pescado”, explica. Ela conta, ainda, que no dia 18 de setembro, esses assentamentos passaram a fornecer seus produtos para a rede de supermercados Extra e Rede Mais/Favoritos.

Segundo Livânia, os trabalhadores rurais do assentamento Rosário deram início, também, à experiência com a criação de camarão, paralela ao cultivo da tilápia, o que incentivará, para os assentamentos, a ampliação das vendas. Nos assentamentos com produção de tilápias, a diversificação da produção vem crescendo em razão dos incentivos financeiros e técnicos, por meio de parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP) e o Governo do Rio Grande do Norte.

Livânia Frizon explica que nas imediações dos tanques do pescado foram plantadas frutas e hortaliças, uma forma de agregar valor a produção local. De acordo com a assentada, a água fertilizada dos tanques, renovada obrigatoriamente, está sendo utilizada na irrigação das hortas e frutas. A água é rica em matéria orgânica e sais minerais, funcionando como um adubo natural para as plantas. Nos quintais das casas são plantados tomate, alface, cebola, coentro e mandioca. Ao lado dos tanques foram plantados mamoeiros e bananeiras. Cerca de 10% da água renovada, mensalmente, vai para a plantação.Todo o projeto de criação de tilápias no Rio Grande do Norte, incluindo a construção dos tanques, foi custeado com financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura.

[LEIA] Programa de ação social será ampliado


O governo Wilma de Faria vai ampliar programas sociais na área de segurança alimentar, geração de emprego e renda e qualificação profissional, até como forma de minimizar os efeitos da crise econômica mundial no Rio Grande do Norte.


[...]


Fabian Saraiva diz que existe o risco de desemprego e, por isso, o governo vai priorizar os agricultores familiares, a partir do próximo ano, como fornecedores do Programa do Leite. Outra medida vai ser a criação de programas de qualificação de mão-de-obra com base na demanda do mercado de trabalho - “os empresários vão informar quais os profissionais de que estão precisando”.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

[LEIA] A COOPAPI participou da ExpoSustentat


"O objetivo da Feira ExpoSustentat*, é criar contatos com empresários, com isso divulgar os nossos prodrutos - mel e castanha - e expandí-los para todas as regiões do Brasil", diz o jovem Ismael entusiasmado, que participou da Feira deste ano, e ainda destaca: "Nós da COOPAPI, fomos a única Cooperativa de Apodi a participoar da ExpoSustentat". "Para chegarmos lá, precisamos passar por um processo de seleção", comenta Ismael.

Primeiro há uma capacitação, que ocorreu nos dias 07, 08, 09, 10 de Outubro, reunindo pessoas de várias regiões. E nos dias de 22 à 25 de Outubro, aconteceu a Feira de negócio.

Ainda tivemos a participação de Assú com a Carnaúba Viva, Serra do Mel com a Coopercaju e, nós - Apodi - com a COOPAPI.

A ExpoSustentat foi concedida de modo a preencher as exigências específicas do mercado latino-americano. Sustentabilidade não é uma tendência, mas sim uma necessidade internacional. A demanda por artigos por valor agregado, tal como a produção social e ecológica, está crescendo. A ExpoSustentat é a praça onde as pessoas de todas as partes do mundo discutem e promovem a economia verde. Uma empresa que deu forte apoio a ExpoSustentat foi à DEG, Empresa Alemã de Investimento e Desenvolvimento. Ainda devemos agradecer também à GTZ e a UNCTAD. A BioFach América Latina e ExpoSustenatat aumentaram em 30% seus espaços de exposição e receberram cerca de 300 empresas este ano. O apoio contínuo de empresas brasileiras como o SEBRAE, MDA, BB, APEX Brasil, entre outros, promove a reputação deste grande evento como os eventos internacionais mais importantes da América Latina.

Nesses 5 anos de sucesso, a ExpoSustentat só cresceu, para termos uma idéia, em 2003 havia 86 expositores e uma média de 1.208 visitantes no mesmo ano e, em 2007 esses dados subiram para 279 expositores e 6.449 visitantes.

VEJA A PROGRAMAÇÃO:

23 de Outubro de 2008, 5ª feira
11.30h / 12.30h- Cerimônia de Abertura
Presença do Ministro Altemir Gregolin
14.00h / 15h30 – Mercados Orgânicos e Rastreabilidade
O Mercado de Orgânicos nos EUA / Thereza Marquez – Diretora da Organic Valley
O Mercado de Orgânicos na Itália / Roberto Pinton – Secretario Geral da ASSOBIO
Oportunidades e Desafios no Mercado de Frutas Orgânicas / Carla Salomão – Coordenadora da Divisão de Orgânicos no IBRAF
Programa de Rastreabilidade do Supermercado Pão de Açúcar / Sandra Caires - Gerente do setor de Orgânicos
15.30/16.00 - Orgânicos & Embalagens
Caso Biomater / João Carlos Godoy
16.00h / 17h30 – Orgânicos e o Mercado de Cosméticos
Tendências do mercado mundial de cosméticos orgânicos e naturais
Udo Censkowsky / Diretor Organic Services
Beraca e parceria com L’Occitanne
Ulisses Sabará / Presidente da Beraca
Weleda e o mercado Wellness
Mara Pezzotti / Diretora da Weleda do Brasil
Suframa – Indústria, Pesquisa e Cosméticos
José Augusto da Silva Cabral / Coordenador de Fitoquímica e Cultura de Tecidos Vegetais do CBA
17h30h / 19h30 – Algodão Orgânico e Têxtil Sustentável
Sustentabilidade: O Novo Luxo
Oskar Metsavaht / OsklenOskar Metsavaht - Presidente da Osklen e Presidente do Instituto e
Mesa Redonda: Oportunidades e Desafios para o Mercado de Algodão Orgânico
Participação: Maysa Gadelha / Diretora Presidente da COOPNATURAL - Maria Célia Souza / Pesquisadora do IEA
19h30-20.00- VÍDEO - JUSTA TRAMA -Cadeia produtiva algodão agroecológico
24 de outubro - 6a feira
11h30 / 12h30 – Mercado Orgânico e Justiça Social
Roberto Ugás / Vice Presidente da IFOAM
A Regulamentação do Setor Orgânico no Brasil
Rogério Dias / Coodenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
12h30 / 13h30 – O Mercado Não Transgênico / The Non GMO Market
ABRANGE - Associação Brasileira de produtores de Soja Não Geneticamente Modificada
Ricardo de Souza / Secretário Executivo da ABRANGE
Frederico Busato / Diretor Regional Sul da ABRANGE e Presidente da Imcopa
The NonGMO Project
André Elkind / Diretor de Desenvolvimento de Negócios - Brasil
14:00 - Workshop de Gastronomia
14h30/15.00 - Aquicultura Orgânica e Pesca Sustentável
MAP - Ministério de Aqüicultura e Pesca
15.00h / 18.00 – Biodiversidade e Cadeias de Valor
Union for Ethical BioTrade / Pierre Hauselmann - Diretor Técnico
Sala Andes Amazônia / Adriana Rivera - OTCA - Organizaçao do Tratado de Cooperação Amazônica
Sala Caatinga Cerrado / Luiz Rebelatto - Assessor Técnico da GTZ
PRORENA / GTZ Programa de Recursos Naturais / Ana Maria Erazo - Diretora CBRP
Business and Biodiversity Initiative-on the way to Nagoya- CoP 10 in 2010 / Silja Dressel - BMU / GTZ
18.00h / 19.00 – Workshop de Gastronomia Latino Americana
25 de outubro - Sábado
11h30-12h00: Experiência de Orgânicos em Cantinas na Dinamarca e na União Européia
Dr. Bent Egberg Mikkelsen - ” Learning and lifeskills through organic and healthy foods at school - The Scandinavian experience".
12h00 - 12h30 - Caso da Escola Estadual Paulino Nunes Esposo em Parelheiros
Parceria Fundação Mokiti Okada e Subprefeitura de Parelheiros / Dr.Fernando Augusto de Souza - Diretor da Fundação
Vereador Goulart / Legislação de apoio - Política Pública Municipal
12:30 / 13:30: Mesa Redonda - Experiências de Escolas e Merendeiras
Maria Aparecida dos Santos / Diretora da Escola Estadual Reverendo Erodice
Maria Souza Teixeira / Merendeira de Jundiaí
Teresa Watanabe / Diretora DAL / SESI SP
Projeto Cultivando Água Boa e Escolas - Itaipu - Paraná Moderação / Ana Flávia Borges Badue - Mestre em Saúde Pública / FSP-USP, Diretora do Instituto Kairós
14.00 – Workshop de Gastronomia
15.30h – 17h.30h - O Valor Agregado da Indicação Geográfica e do Comércio Justo
Experiências de Sucesso de Indicação Geográfica / Léa Lagares e Hulda Giesbrecht - SEBRAE
Parceria Sebrae e Comércio Justo Louise / Alves Machado
Experiências da FLO / Darana Souza
Comércio Justo e Têxtil / Ana Asti - Membro da Diretoria de IFAT
17:30 / 19:30PAINEL - Orgânicos & Catering Saudável na Copa 2014 : Oportunidades e Desafios Palestra de Ingo Plöger - Presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional - IPDEI - Membro da Comissão de Infra Estrutura / Brasil Alemanha
Mesa Redonda com a participação de: Organics Brasil - Ming Liu
Câmara Setorial de Agricultura Orgânica - Pedro Santiago
Ministério do Desenvolvimento Agrário
SEBRAE - Maria Maurício

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

[LEIA] FBB inaugura mais de duas mini-fábricas de castanha

Agricultores familiares do Rio Grande do Norte que investem na cajucultura terão mais oportunidades de agregar valor à castanha, aumentando a geração de trabalho e renda na região. A Fundação Banco do Brasil e parceiros inauguraram ontem, duas unidades de beneficiamento de castanha, uma em Macaíba, região metropolitana de Natal, e a outra em Touros, no litoral Norte do estado. Participaram das solenidades, o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, e o diretor executivo da instituição, Jorge Streit.

A instalação das unidades visa transferir tecnologia para o beneficiamento da castanha do caju e inserir agricultores familiares em todas as etapas da cadeia produtiva da fruta, do plantio à comercialização. Em Macaíba, o evento foi realizado no assentamento José Coelho, no qual 70 famílias estão envolvidas de forma direta e outras 20, indiretamente. Com investimentos sociais de R$ 241 mil, a unidade ocupa 305m2. Em Touros, os valores investidos no assentamento Assis Chateubriand atingem R$ 248 mil. Em ambos os assentamentos, a fábrica é composta por armazém, setor de processamento, quadro de secagem, quadra de ar e caldeira.

Segundo o consultor da Fundação Banco do Brasil no Rio Grande do Norte, Paulo de Tarso Chacon, os eventos são um salto em direção à melhoria da qualidade de vida das pessoas que sobrevivem da agricultura familiar no estado. “Com as fábricas, os pequenos agricultores poderão sair de uma situação de meros apanhadores de castanha para a de produtores. Com isso, poderão vendê-las por valores que oscilam entre R$ 8 a R$ 18”, o quilo, explica. Antes, os agricultores tinham que vender as amêndoas a atravessores por preços muito inferiores (entre R$ 0,70 a R$ 1,20). “O ganho agregado é muito grande e será revertido em qualidade de vida, de saúde, educação e lazer para as famílias de assentados”, conclui Chacon, ao lembrar que em ambos os assentamentos foram inauguradas, no primeiro semestre de 2008, estações digitais.

Digitais

Estações digitais são espaços equipados com computadores interlidagos à internet que permitem ampliar as redes de contato e parcerias para colaborar nas atividades de fortalecimento da agricultura familiar, de apoio técnico e de extensão rural. Os objetivos são reduzir o índice de exclusão digital nos municípios envolvidos, promover a iniciação à informática, propiciar qualificação para o trabalho, além de fortalecer as ações das organizações da sociedade civil a partir de uma ótica participativa e comunitária.

Desde 2004, a Fundação Banco do Brasil realiza, em conjunto com o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a organização Unitrabalho, o Projeto de Minifábricas de Castanha de Caju nos estados da Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. O projeto consiste na recuperação e implantação de minifábricas de castanha de caju e na montagem de módulos agroindustriais para seleção, classificação e exportação da amêndoa. O investimento social da Fundação Banco do Brasil no projeto supera R$ 9 milhões, de 2004 a 2007.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

[LEIA] COMPORTAMENTO DE ABELHAS TRANSFORMA COLMÉIA EM SUPERORGANISMO, DIZ CIENTISTA

Em livro, biólogo investiga insetos que são 'mamífero em muitos corpos'.
Sem comando formal, insetos conseguem prodígios de organização.
As abelhas sempre estiveram entre os insetos preferidos de quem é chegado numa utopia, independente da orientação política. Ideólogos de esquerda e de direita costumavam louvar com o mesmo entusiasmo a sociedade “perfeita” dos bichinhos: por que nós, humanos briguentos e individualistas, não conseguimos seguir o exemplo delas? A razão é muito simples, argumenta um biólogo alemão em um novo e fascinante livro: "uma colméia é muito mais que uma sociedade perfeita. Na verdade, é um superorganismo, como se as abelhas fossem um mamífero 'distribuído' em muitos corpos diferentes trabalhando juntos. Sem que haja um centro de comando claro, elas conseguem um grau de organização e complexidade que, em certos aspectos, rivaliza ou até ultrapassa o da nossa espécie."

Quer exemplos? Pois esses insetos sociais parecem ter “inventado” o saneamento básico, as creches, o aquecimento central e o ar-condicionado, só para dar alguns exemplos, dezenas de milhões de anos antes que o primeiro macaco se dignasse a andar com duas pernas. As descobertas mais recentes sobre essas e outras façanhas dos bichinhos estão em “The Buzz about Bees – Biology of a Superorganism” (algo como “O quente sobre as abelhas – A biologia de um superorganismo”), de Jürgen Tautz, pesquisador da Universidade de Würzburg.

Com a ajuda de fotos espetaculares de abelhas domésticas (ou Apis mellifera, como se diz em latim científico) em ação, o texto de Tautz explica que comparar as colméias a cidades, apesar de tentador, não é lá muito correto.

As colméias, diz ele, estão mais para um único grande organismo, cujos “braços”, “pernas” e “estômago” são as abelhas operárias e cujos órgãos sexuais são as rainhas e os zangões – únicos indivíduos que chegam a se reproduzir em toda aquela massa de dezenas de milhares de zumbidoras. Na verdade, o superorganismo chamado colméia se comporta como uma bactéria, já que se reproduz por divisão simples: quando chega ao limite de sua capacidade de crescimento, milhares de operárias, lideradas pela rainha, simplesmente migram para outro local, recriando uma cópia da antiga colônia. Desse ponto de vista, pode-se dizer que as colméias são imortais.

Por outro lado, as rainhas continuam a produzir mais filhas “à moda antiga”, por meio do sexo com zangões, o que garante a mistura de genes que é uma das grandes vantagens da reprodução sexuada. “As abelhas conseguiram uma vantagem [a ‘imortalidade’ das colméias] sem abrir mão da outra, reproduzindo a colônia inteira por divisão simples, por meio dos enxames, e simultaneamente criando indivíduos reprodutivos cujo tempo de geração é sincronizado com o ciclo dessa divisão”, resume Tautz.

Pergunta que não quer calar

Um mistério que nem cientistas e nem criadores de abelhas ainda conseguiram responder é por que diabos a segunda metade desse ciclo de vida maluco surgiu. É meio estranho a multidão de operárias abrir mão de ter seus próprios bebês e passar seus genes adiante, deixando a rainha com esse privilégio. A explicação que normalmente é proposta tem a ver com a chamada seleção de parentesco – ou seja, com o fato de que os parentes de um indivíduo sempre carregam uma fração significativa dos seus próprios genes, e favorecê-los equivale a favorecer a si mesmo.

Ora, a vida sexual bizarra das abelhas parece ser um caso muito especial de seleção de parentesco. Para começar, os zangões são verdadeiros filhos da mãe: eles surgem de ovos não-fertilizados da rainha. Por isso, ao contrário de nós, que recebemos dois conjuntos de genes, um do pai e o outro da mãe, os machos da espécie possuem um só conjunto de genes. E ele é passado integralmente para as operárias, de forma que as filhas do mesmo zangão herdam exatamente os mesmos 100% dos genes dele.

Já as irmãs por parte de mãe só compartilham, em média, 50% dos genes maternos. Fazendo as contas, descobrimos que as operárias deveriam ter em comum 75% dos genes com suas irmãs. E qual seria o parentesco delas com suas filhas, supondo que elas as tivessem? “Apenas” 50%. Ou seja, a operária interessada em propagar ao máximo seu próprio DNA deveria fazer de tudo para que a rainha produzisse multidões de irmãs trabalhadoras e desencanaria de botar seus próprios ovos.
A idéia faz sentido que é uma beleza, mas tem um detalhe: só funciona se todas as abelhas forem filhas do mesmo pai e da mesma mãe, coisa que não acontece no mundo real. Na época do acasalamento, a jovem rainha é fecundada por uns dez zangões diferentes, os quais deixam seu membro cheio de esperma grudado no traseiro da amada e caem mortos, com as vísceras arrancadas. (Pois é, os zangões não passam de espermatozóides voadores. Fora da época de acasalamento, são expulsos da colméia para morrer de fome.) Desse jeito, o parentesco real entre a maioria das operárias é de apenas 25%.

Após o acasalmento, são expulsos da colméia “Acho que esse é um daqueles casos citados por T.H. Huxley [paleontólogo do século 19 que foi um dos grandes defensores de Darwin]. Ele costumava dizer que a maior tragédia da ciência é o assassinato de uma bonita hipótese por um fato feio”, brinca Tautz. O biólogo alemão especula que as outras vantagens da vida na colméia acabam compensando o parentesco relativamente baixo entre as operárias.

Tecnologia avançada

Sexo maluco à parte, a organização da colméia tem outras vantagens. A começar pelo ar-condicionado: uma das principais funções das operárias é manter estável a temperatura das larvas, suas irmãzinhas em desenvolvimento, por volta dos 36º Celsius. Para aquecer o ninho, as abelhas se deitam em cima dos favos em forma de héxagono, ou então entram num deles, e vibram rapidamente os músculos das asas, até esquentar os “bebês”; o corpo de outras abelhas, que esperam sua vez de atuar como condicionador de ar vivo, ajuda no isolamento térmico. Se a coisa esquenta demais, outras abelhas espalham gotículas de água pelo recinto e espalham o vapor resultante batendo as asas.

Para manter o lar sempre habitável, elas também removem abelhas mortas e intrusos e usam o própolis, obtido de vegetais, como antibiótico. E, por meio de uma linguagem rudimentar, a famosa dança das abelhas, comunicam com relativa precisão onde estão boas fontes de néctar e pólen. Ao vibrar o corpo, os bichinhos informam a distância (pela quantidade de vibrações) e a direção (pela orientação do corpo) das flores mais carregadas.

O mais surpreendente é que tudo isso ocorre sem uma “autoridade” central: é o comportamento individual de cada abelha, comunicando-se com os demais, que leva a colméia a atingir objetivos sofisticados sem ter consciência direta disso. Para Tautz, entender detalhadamente como isso acontece pode inspirar novas tecnologias, e até formas mais avançadas de inteligência artificial.